Hotel Távola Inn é realmente uma experiência medieval

Acabei de deixar o Hotel Távola Inn, em Nova Friburgo (região serrana do Rio de Janeiro), onde esperava passar alguns dias de tranqüilidade durante o carnaval. Cheguei ao hotel indicado por um amigo, e o site do Távola prometia descanso, silêncio, ótima comida e uma singular experiência medieval.

De fato a comida é muito boa, mas não há como fazer qualquer outro elogio. A decoração toda é muito poluída e pesada (veja foto ao lado), brasões toscos se unem a réplicas de armas e escudos para, junto com quadros em pedra, formarem uma confusão mental que estimula um baita dum mal estar. Mas até mesmo isso eu estava disposto a tolerar. Afinal, o conceito de algo “rústico” pode variar enormemente de pessoa pra pessoa. No hotel, por exemplo, somado a tudo isso, luzes frias ou de baixíssima voltagem camuflavam a intenção de economia de energia. Mal conseguiamos nos guiar pelas dependências! Sempre com a Era Medieval como desculpa.

Bem, o grande problema é algo famoso e peculiar dos tempos remotos, de fato: a falta de higiene! O quarto que fiquei com minha esposa, Mago Merlin, me deixou bem próximo das condições precárias em que viviam nossos antepassados da época de Rei Arthur:

·         Camadas de poeira repousavam atrás da cama, bem aonde colocamos a cabeça pra dormir (alérgico como sou, tive sorte de ter duas ou três horas de sono, em meio a tosses e espirros);

·         O colchão da cama era da mais barata espuma do mercado. Depois de algumas poucas horas deitado, o colchão criou sulcos com o peso do meu corpo, de maneira que lembrei muito do sofá do Homer Simpson, que conserva perfeitamente a forma do patriarca Simpson;

·         O edredom era tão nojento, mas tão nojento, que optei pelo frio montanhesco de Friburgo em vez de me cobrir com ele. Na verdade, para não atiçar mais a poeira, preferi não mexer no edredom;

·         O lustre basicamente pendia do teto baixo e pairava estrategicamente em frente à TV. Talvez uma técnica inteligente de estimular que os hóspedes fiquem desencorajados de passar muito tempo no quarto…

O Banheiro… 
O banheiro é um capítulo à parte… também tinha uma aparência de maus cuidados, mas a parte da higiene foi o que me deixou espantado. O box, além de não caber alguém do meu tamanho (1,88m), tinha cabelos de mulher nas paredes, sabe-se lá Deus desde quando! A porta era podremente unida à parede com uma cola do tipo durepox, sendo que diversas frestas deixavam o ar passar (veja o vídeo).

A descarga mal funcionava e passamos os três dias com o vaso entupido. Precisei fazer a lixeira de balde, encher de água e jogar latrina abaixo! Inacreditável! Naturalmente, a tampa barata do vaso estava solta também …

O pior de tudo foi a banheira de hidromassagem. Antes de abrirmos a torneira, já tínhamos visto alguns insetos e folhagens. Tiramos tudo e ligamos a água. Do orifício de onde sai a água, saíram diversos bichinhos, tipo aranha, insetos e até um vermezinho vermelho ainda vivo e se mexendo (veja o vídeo – o verme está se contorcendo no meio da tela).

C-l-a-r-o que ficou impossível imaginar qualquer possibilidade de tomar banho naquela banheira…

Depois da reclamação

A dona da pousada deu as mais diversas desculpas pelos problemas: “semana passada teve muita gente”, “isso foram umas crianças de um casamento que foi aqui”, “o teto tá com uns insetinhos sim”, “a arrumadeira é nova” etc.

Depois disso tudo, ela propôs cobrar por uma suíte simples (que não tinha hidromassagem). Apesar de não achar justo (ela tinha que me pagar pra que eu saísse de lá com menos ódio!), acabei aceitando por que não via a hora de chegar em casa, tomar um banho de verdade e descançar respirando livremente…